Se, ao pensar em motos elétricas, você só enxerga aqueles carrinhos que carregam as macas nos campos de futebol, reveja seus conceitos. Apresentada no Salão de Milão de 2010, a Brammo Empulse é uma naked cuja missão é mostrar que elétricos podem, sim, ser sinônimo de esportividade, mesmo sem o ronco do motor.
Prevista para ganhar vida em 2011, o modelo ficou na gaveta até agora, quando as versões de produção da Empulse e da Empulse R foram oficialmente lançadas em Los Angeles. De qualquer forma, o tempo na geladeira serviu para amadurecer o projeto e rendeu alterações sutis.
A rabeta, por exemplo, perdeu as tomadas de ar do conceito e passou a ser composta exclusivamente pelo banco e alças da garupa. O para-lama traseiro deixou de lado as linhas sofisticadas e adotou formato convencional. A ergonomia também mudou em relação à moto-conceito. Enquanto a primeira versão trazia guidão curto e curvado para baixo, semelhante ao das cafe racers, o produto final ostenta uma barra um pouco mais alta e confortável, condizente com outros modelos do segmento.
IGUAL, SENDO DIFERENTE Em uma primeira olhada, a naked elétrica consegue enganar. É preciso ter um pouco mais de atenção para perceber que a estrutura abaixo do falso tanque de gasolina não é o motor, mas sim, o complexo de baterias de íons de lítio, que a alimentam. Com capacidade para 10,2 kWh, a moto tem autonomia para rodar quase 200 quilômetros dentro do perímetro urbano -- ou 90 quilômetros na estrada, onde se usa a velocidade máxima mais constantemente. Depois disso, serão necessárias oito horas até que esteja totalmente carregada.
A linha Empulse está equipada com um motor de corrente alternada (AC) de magneto permanente, cujo grande trunfo em relação às outras motocicletas elétricas é a refrigeração líquida e o câmbio de seis marchas. O propulsor de 40kW produz potência máxima equivalente a 54 cv a 8.200 rpm e torque máximo de 6,4 kgfm. Pelo que afirma a fabricante, é capaz de atingir 160 km/h de velocidade final.
Para ficar ainda mais parecida com uma moto convencional, a Empulse conta ainda com dois sistemas de mapeamento do motor. O modo normal limita a aceleração para otimizar a autonomia da bateria; o modo sport deixa de lado esta preocupação e permite que o piloto extraia toda a potência do propulsor silencioso.
CORPO ITALIANA
Embora a Brammo seja sediada no Estado norte-americano do Oregon, o chassi das duas versões da Empulse é feito na Itália, assim como o subquadro e a balança com ajuste a gás na suspensão. Já o garfo dianteiro traz suspensão invertida “upside-down” como qualquer esportiva que se preze. O conjunto pesa 200 kg a seco.
Mesmo não apresentando altos níveis de potência, a naked conta com freios de respeito. São dois discos flutuantes de 310 mm de diâmetro e pinças radiais de quatro pistões na roda dianteira, enquanto a traseira está equipada com disco único e pinça de pistão duplo. Ambas as pinças são feitas pela Brembo.
Além da chancela da grife italiana, os freios são regenerativos. Isto é, parte da força cinética da frenagem é acumulada e revertida para a bateria, o que melhora a autonomia da moto. O sistema também é utilizado nos carros elétricos.
NÃO TÃO ESPORTIVA
Quando foi anunciada que a Empulse teria uma versão “R” na nomenclatura, imaginou-se que seriam duas motos completamente diferentes. O palpite mais arriscado foi que a moto seria uma réplica da Empulse RR, superesportiva com carenagem integral que já competiu no TTXGP, competição exclusiva para motocicletas elétricas paralela ao "Tourist Trophy" da Ilha de Man.
Todavia, a realidade não poderia ser mais distante. a Empulse R partilha das especificações técnicas da Empulse convencional, diferindo apenas na suspensão, que é totalmente ajustável e têm bengalas pintadas na cor dourada. O preço também muda: a Empulse já está em pré-venda nos Estados Unidos pelo preço sugerido de US$ 16.995 (R$ 33.800), enquanto a Empulse R pode ser encomendada por US$ 18.995 (R$ 38.800).
Com preço relativamente superior ao de outras motos do segmento -- para se ter uma ideia, a Honda CB 1000R parte de US$ 11.760 (cerca de R$ 23.400) -- a Brammo pensa a longo prazo. Para a marca, o custo elevado da linha Empulse será revertido para o proprietário na bomba de gasolina, ou melhor dizendo, ao não passar por ela. Mas, será esse o futuro do motociclismo?